Header Ads

Minhas Dificuldades com o Evolucionismo Teísta.

 
 
Obs: Este é um texto reeditado de 2011
 
O Criacionismo bíblico é aceito a partir da evidência da integridade do texto da Escritura, de uma vivência pessoal (fé) com o Criador, além da aceitação da plausibilidade de conceitos alternativos. Isso significa que para que eu negue a apresentação da Bíblia acerca da presença da vida humana na Terra, eu deveria exigir a legitimidade de conceitos alternativos. Dá que em todos os conceitos, mesmo aqueles que desmerecem a fé, se percebe uma exigência de igual ou maior medida de fé.

Alguém poderia opinar que eu encontraria no evolucionismo téista uma dessas formas alternativas plausíveis. Todavia, eu percebo que ao fim de tudo, eu teria de algum modo, de negar a fé nessa busca de esclarecer a fé. Por meio desse paradigma eu apenas buscaria conciliar a idéia de que Deus teria operado na matéria com a proposta de que esta sofresse estágios evolutivos durantes eras incontáveis até que a vida na Terra chegasse ao ponto como se encontra nas narrativas da Escritura.

Como disse alguém em certo lugar, ao me valer desse modelo, a minha intenção primária seria colocar a pessoa do Deus da Bíblia no início de tudo, deixando, entretanto, a Evolução terminar o trabalho, incluindo natureza do homem, que dessa maneira partilharia um ancestral comum com os grandes símios. Contudo, eu saberia, no fundo, que esse estratagema seria apenas uma maneira sutil de evitar um conflito com o ceticismo da ciência moderna e de apresentar de modo tímido o poder de Deus para realizar apenas aquilo que seria impossível explicar pelo modelo evolucionista naturalista. Porém, mesmo nesse paradigma, eu perceberia que de fato, Deus não seria a resposta, e sim um grande “problema”. Eu esbarraria com a verdade de que no fundo eu estaria justificando a terrível verdade que era a minha dificuldade em crer. Desse modo, me pus a refletir acerca de minhas dificuldades em adotar esse paradigma e descobri pelo menos 12 motivos pelos quais eu me nego a abraçar o modelo evolucionista teísta:

• Primeiro: Eu seria obrigado a considerar o relato bíblico mais antigo das origens como metafórico e não real, e desse modo não apenas colocaria as Escrituras em descrédito como também a condicionaria aos limites da razão humana.

• Segundo: Eu deveria renunciar o paradigma religioso teocêntrico e teria de me abrir a uma religiosidade caracteristicamente humanista, na qual os argumentos humanos se posicionariam acima da Revelação.

• Terceiro: Eu não saberia explicar e nem poderia compreender a razão da “ausência de Deus” no mundo nem poderia compreender ou aceitar o Seu chamado para o regresso do Homem à sua posição original, e desse modo, eu também não saberia encontrar o vínculo entre a ruptura da perfeição original da vida na Terra e a vida restaurada na Nova Terra.

• Quarto: Eu precisaria, dessa maneira, também ignorar que a admissão dessa teoria estabelece uma ruptura com as afirmações mais básicas da doutrina do Evangelho, tais como os porquês da origem do pecado e da morte bem como da solidariedade da raça por meio de Adão e Cristo. Eu não saberia explicar o porquê do pecado e da morte por meio de um só homem e da necessidade da justiça e da vida por meio de um só Salvador. Se houve Evolução, Deus não deixaria a Natureza resolver o problema?

• Quinto: Desse modo, eu teria um grande problema: Eu precisaria me valer de uma estratégia racionalista para explicar o enigma da morte e estabelecê-la como algo necessário e positivo. O modelo evolucionista, mesmo teísta, deixa em aberto a idéia de que até a chegada da presença do homem na Terra, houve certamente escalas sucessivas de vidas anteriores, e por isso, por longas eras, teria já ocorrido a cessação da vida na Natureza, e desse modo eu teria de negar a malignidade do pecado e da morte e desmerecer a obra redentiva de Jesus, em Sua encarnação, morte e ressurreição.

• Sexto: Eu teria de limitar a minha fé sempre que lesse as Escrituras e percebesse algum evento que escapasse à minha razão, e desse modo, eu reduziria a ação soberana de Deus tão intensamente destacada nas Escrituras a uma mera operação das leis da Natureza, à lógica filosófica e às experiências de laboratório.

• Sétimo: Eu não saberia responder adequadamente às grandes questões existenciais universais referentes à existência humana tais quais: “Que é o homem?” e “Qual seu propósito?” e degradaria a dignidade e deferência da vida humana, ligando-a à mesma esfera da dos animais.

• Oitavo: Eu teria de admitir que haveria mais plausibilidade da minha fé na ciência que da minha fé nas Escrituras e no poder de Deus. A lógica da Ciência seria o norte para a minha leitura da Biblia.

• Nono: Eu entraria em conflito com a compreensão de Jesus, que apresentou origem da vida humana segundo o relato das Escrituras, quando remeteu seus contemporâneos diretamente a Genesis 1-2 e a vida primeva como sendo a base da norma divina para o casamento: “Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez?” (Mt 19:4). Uma metáfora apenas não estaria tão plena de sentido, pois não se estabeleceria o abstrato (no caso o sentido do casamento) sem o concreto (no caso, o casamento primordial). Pelo contrário: apenas uma realidade normativa anterior poderia dar o verdadeiro sentido à experiência concreta que a igreja de Jesus vivenciava nas questões envolvendo o casamento. Jesus relaciona o tempo inicial da história humana, a ação divina nessa história, a soberania e a normatividade divina, a identidade humana e a sexualidade como um fator de distinção dos seres criados a partir do relato de Genesis 1 e 2.

• Décimo: Se de fato o teísmo busca uma base lógica, eu mesmo  me encontraria em dificuldades para explicar a minha própria lógica: Pois como seria lógica a afirmação de que Deus teria o poder para criar a vida, mas negar a realidade de que Ele a teria criado em Sua inteireza, perfeita e numa completa ausência de maldade, onde tudo fosse “muito bom”?

• Décimo-primeiro: Eu também teria de renunciar a minha fé em milagres e em todos os eventos grandiosos realizados pela mão de Deus nas Escrituras que avançam para além do Natural, tais como a Encarnação e a Ressurreição, pois se é demais para a minha razão que Deus pudesse criar o Universo a partir do nada, uma vez que se tornou Ele mesmo dependente das operações da Natureza, nenhuma base racional se me apresentaria para que eu entendesse qualquer outra de Suas ações além da Natureza.

• Décimo-segundo: Eu teria de ignorar a terceira lei da termodinâmica, a da Entropia. Se tudo se desgasta e dispersa energia, como explicar que a Natureza teria evoluído em todo esse tempo? Pelo contrário: mesmo a ciência explica que o mundo e a natureza humana se vê em constante processo de degradação.

À luz de minhas dificuldades, preferi ler a Bíblia com fé simples e permanecer um crente criacionista. [Claudio Soares Sampaio].

4 comentários:

  1. 1 Parte do Comentário:

    Olá Pastor,

    Olha eu aqui mais uma vez em discordância com um de seus textos. Espero não ser mal visto por isso, envista de, não seguir a corrente de crenças comuns, das quais, geralmente é necessário aportar para que alguém não seja considerado um "apóstata" na fé, conforme a compreensão de alguns de nossos irmãos adventistas, e, quem sabe, do próprio pastor.

    Vamos à primeira afirmação que eu discordo:

    1. "Eu seria obrigado a considerar o relato bíblico mais antigo das origens como metafórico e não real, e desse modo não apenas colocaria as Escrituras em descrédito como também a condicionaria aos limites da razão humana."

    - Para começar, o relato bíblico não é mais antigo sobre as origens, há relatos sumérios muito mais antigos que o biblico, sendo que, o relato bíblico expressa uma cosmovisão de um povo politeísta como eram os sumérios, portanto, penso que seja uma equívoco essa primeira parte da afirmação. Não esqueçamos que, "façamos o homem" não pode ser lido de um ponto de vista trinitariano, pois seria o mesmo que cometer anacronismo teológico, embora, é bom deixar claro, eu mesmo sou trinitariano!

    - Será mesmo que há uma relação tão evidente entre "real" e "metafórico"? Será que Jesus contou mentiras quando utilizou do gênero da parabóla (que não é história real) para nos ensinar verdades? Será que os profetas bíblicos falaram de coisas "não reais" quando disseram que Jesus era o "Cordeiro de Deus"? Essa metáfora expressava uma mentira? Creio que pode ser instrutivo o pastor reavaliar as próprias ideias sobre o "real", e, o "metafórico" como "irreal".

    - Será que, se o relato do gênesis for metafórico, ou qualquer outro tipo de figura de linguagem, isso invalidaria a bíblia, ou nós temos que começar a rever nossa filosofia da linguagem que parece atribuir super poderes à linguagem humana, principalmente por acreditar que a linguagem humana é capaz de expressar os pensamentos da mente divina que a Sra. White diz que é difusa, sendo que, ela mesma afirma que as palavras empregadas são dela, portanto, só posso pensar que o autor bíblico, assim como a Sra. White, usou suas próprias palavras para escrever. A própria Ellen White em sua primeira visão lamenta "não saber a língua de canaã" para poder expressar o que viu em visão, ou seja, ela sabe que a linguagem humaana é limitada, e que, nem sempre expressa com fidelidade a mensagem revelada, daí, o porquê da necessidade de se estudar a revelação.

    - Contrário ao que o querido amigo disse, a escritura não só é limitada à razão humana, como também, não poderia ser de outra forma, pois se a revelação não é limitada à razão humana, logo, não poderia se revelar à razão humana, pois seria algo que ela, a razão humana, não poderia compreender, pois se assim o fosse, nem mesmo seria chamada de Revelação pelo simples fato de não revelar nada que a razão humana pudesse compreender! Quem precisa de uma Revelação não compreensível?

    ResponderExcluir
  2. 2 Parte do Comentário:

    2. " [...] Eu deveria renunciar o paradigma religioso teocêntrico e teria de me abrir a uma religiosidade caracteristicamente humanista, na qual os argumentos humanos se posicionariam acima da Revelação."

    - O pastor realmente acredita ser possível ser um humanista sem aceitar a Revelação? O filósofo Nietzsche ao fazer sua famosa afirmação "Deus está morto", que em geral é mal compreendida, mal aplicada e correntemente deturpada, faz essa afirmação, contrário à crença comum, em um tom de profunda tristeza, pois, para ele, a "morte de Deus" é em realidade a morte do que significa ser homem ou, humano! O ateísmo de Nietzsche, longe de ser uma negação de Deus, é um ateísmo metodológico um ateísmo de protesto, pois como diria Dostoievsky "Sem Deus, tudo é permitido" ou como o próprio Karl Marx diria, só para citar mais uma ateu "Tudo que é sólido se desmancha no ar". Filósofos ateus, como Nietzsche e Marx, são argumentos poderosos contra um suposto humanismo ateísta, pois é simplesmente um falso humanismo o que se propõe a sê-lo sem Deus.

    3. "Eu não saberia explicar e nem poderia compreender a razão da “ausência de Deus” no mundo nem poderia compreender ou aceitar o Seu chamado para o regresso do Homem à sua posição original, e desse modo, eu também não saberia encontrar o vínculo entre a ruptura da perfeição original da vida na Terra e a vida restaurada na Nova Terra."

    - Não conseguiria explicar a "ausência de Deus"? Bem, me permita então fazê-lo pastor através das palavras do pastor Ricardo Gondim.

    - Todos nós sabemos que um dos atributos do amor é a liberdade. Não é possível a quem quer que seja, falar sobre amor e ao mesmo tempo sobre coerção. Conforme o calvinismo prega, Deus pode "arrastar" para si quem ele quiser, esse conceito é conhecido entre eles como "graça irresistível", porém, não e assim que a bíblia revela o amor de Deus. Se Deus fosse desta maneira, ele teria subordinados, vassalos, marionetes, jamais filhos maduros ou parceiros.

    - Portanto, sendo que a liberdade é um atributo da amor, terminamos ficando em maus lençõis, pois, como pode Deus, conceder liberdade legítima aos seus filhos se seu fulgor, sua glória e presença preenchem absolutamente tudo? Como nós, homens e mulheres poderiamos desenvolver, virtudes, atitudes maduras, argumentos responsáveis com a presença de Deus transbordando no mundo na realidade espacial e nos espaços existenciais?

    - Deus se ausentou por amor!

    - O capítulo sobre o amor, escrito por André Comte-Sponville em “Pequeno Tratado das Grandes Virtudes” (Ed. Martins Fontes), pode ajudar a compreender melhor o significado dessa ausência divina:

    - “O que é este mundo… senão a ausência de Deus, sua retirada, sua distância (a que chamamos espaço), sua espera (a que chamamos tempo), sua marca (a que chamamos beleza)?

    - Deus só pôde criar o mundo retirando-se dele (senão só haveria Deus); ou, se nele se mantém (de outro modo não haveria absolutamente nada, nem mesmo o mundo), é sob a forma da ausência, do segredo, da retirada, como a pegada deixada na areia, na maré baixa, por um passeante desaparecido, única a atestar, mas por um vazio, sua existência e seu desaparecimento…

    - Por fim, em qual parte da bíblia é dito que Adão e Eva eram perfeitos? O pastor teria esse texto? Ou essa é mais uma daquelas crenças tradicionais que não estão ancoradas em lugar algum? Seria interessante persar que não é dito em qualquer parte da bíblia que Adão e Eva eram perfeitos, portanto, cabe aqui uma reavaliação sobre a tal "perda" da perfeição por parte do homem, pois se fossem perfeitos, não teriam errado, pois coisas perfeitas, não falham, logo, se Adão e Eva falharam, jamais poderia ter recebido esse título como a própria bíblia também não lhes imputa essa suposta perfeição.

    - Não esqueça, "Pai nosso que estás no céu..." não na terra!

    ResponderExcluir
  3. 3 Parte do comentário:

    Eu acho que seja interessante, comentar cada uma de suas afirmações, não quero ser exaurir o texto do querido, mas acredito que a crítica levantada por mim sobre as próximas partes do texto, já possuem também um crítica da mesma natureza que as outras.

    Eu agradeço pela oportunidade de participar e espero que esse blog possa continuar a ser um canal de respeito e de diálogo honesto e aberto, tanto entre adventistas como nós, como entre não adventistas que porventura possam encontrar o blog.

    Cordial Abraço,
    Do amigo e irmão em Cristo,
    Italo Fabian.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sem muito tempo para dialogar com os amigos que têm contribuído, fica pelo menos a gratidão pela disposição de ler e discutir as minhas idéias.

      Acerca de seus comentários, de modo bem direto, vamos por partes, meu caro Ítalo:

      1. Sobre a antiguidade do relato da criação, acho que não se atentou para uma palavra pequena mas exclarecedora: eu disse o relato BÍBLICO MAIS ANTIGO DAS ORIGENS. Não ignoro que haja outros relatos extra-bíblicos e até bíblicos, mas o bíblico mais antigo é o de Gêneses 1-2. Desse modo toda a Teologia bíblica da salvação, pecado e re-criação nasce da teolgia dos primordios. Anulá-la ou diminuí-la seria edificar o restante nas areias das especulações humanas. É meu posicionamento.

      Sobre metáforico, é óbvio que em outras partes da Bíblia, como em Mateus 19 no debate com os fariseus, Jesus estabeleceu o relato das origens como algo factual e portanto exemplar e normativo para a humanidade. É nas origens que se deve encontrar o modelo para a ética do lar. Falta tempo para citar outras referencias.

      Condicionar aos limites da razão humana seria como dizer: "esse relato não me parece razoávelmente possível de ser aceito." Assim, preferimos tecer conjecturas sobre o texto, que se aomode àquilo que é mais confortável ao racionalista. O evolucionismo teísta faz isso o tempo todo. Não parece ser possivel crer no relato, assim, desconstroem o relato e o constroem a seu propio gosto.

      2.Não ignoro que a razão seja a base para o contato com a revelação. A razão "acima da revelação" é o que me parece problema. Assim vc acaba de novo em escorreagra na mesma casca de banana. Ignora o sentido da palavrinha pequenina que dá o sentido ao texto. E nesse caso, a palavra "ACIMA" está em questão. Para mim e outros, a Revelação às vezes se coloca acima do Humanismo puro que se edifica na possibilidade humana e não na divina.

      3. A questão da "ausência" não confronta meu posicionamento, antes o confirma, com observações apenas para um ponto. A ausência de Deus por amor sem um motivo por traz, só o torna um Deus sem amor. Mas a narrativa bíblia me deixa exclarecido que a "ausencia de Deus" ocorreu pela ruptura da criatura para com seu Criador, o que chamamos de "Queda" ou "Pecado". Sem essa perspectiva, cairemos no problema citado acima: o Humanismo. O problema está no Homem e pelo proprio Homem é possível a reestruturação da ordem humana. O Humanismo enquanto sistema estabelece o pecado apenas como um mal social. Crer na narrativa das origens é afirmar que Deus é amor. Criou um mundo perfeito. O homem abusou da liberdade e desobedeceu a Deus. O pecado manchoui a Criação e afastou o homem de Deus. É o Homem quem rompe com o Criador, e não o Criador que "amorosamente" se afasta do Homem.

      Sobre a perfeição original há textos como Romanos 8:18ss; Ecl. 7:29 e o mais exato: Viu Deus tudo quanto havia feito e achou muito bom (Gn 1:29). Outros dependem de explanações mais pormenorizadas, e não cabe aqui.

      No mais agradeço pelas discordancias. Volte a comentar.

      Abraço.

      Excluir

Sua opinião é importante para mim. O que você pode acrescentar? Entretanto, observe:

1. Os comentários devem ser de acordo com o assunto do post.
2. Avalie, pergunte, elogie ou critique. Mas respeite a ética cristã: sem ataques pessoais, ofensas e palavrões.
3. Comentários anônimos não serão publicados. Crie algum nome de improviso para assinar o escrito, caso não queira se identificar.
4. Links de promoção de empresas e sites serão deletados.
5. Talvez seu comentário não seja respondido imediatamente
6. Obrigado pela participação.